Saiba o que falar quando disserem que maconha causa dano cerebral
Uma observação antes de mais nada: o uso de maconha antes dos 18 anos pode causar problemas no cérebro, pois ele ainda esta em desenvolvimento.
Críticos falam que fumar maconha vai derreter seu cérebro e te deixar lesado pra sempre, com perda de memória, dificuldade cognitiva e de aprendizado.
OS FATOS
A origem deste argumento foi um relato de exames pós-morte, que mostra mudanças estruturais em várias regiões cerebrais de dois macacos expostos ao THC em uma pesquisa.
Pelo fato destas mudanças envolverem principalmente a região do hipocampo, uma região cortical do cérebro conhecida por desempenhar um papel importante no aprendizado e memória, estas descobertas sugerem uma possível consequência negativa em usuários de maconha.
Estudos adicionais, envolvendo roedores, apresentaram resultados similares.
No entanto, para alcançar esses resultados, foram usadas doses pesadas de THC – acima de 200 vezes o necessário para “chapar” um ser humano. De fato, os estudos que empregaram doses 100 vezes mais altas que necessárias nos humanos falharam em provar algum dano cerebral.
Em um estudo mais recente, os macacos foram expostos à inalação de fumaça de maconha equivalente a 4 ou 5 baseados, todo dia, por um ano. Quando sacrificados 7 meses depois, não foram encontrados danos cerebrais no hipocampo, tamanho das células, número de células ou configurações sinápticas. Os autores concluíram:
“enquanto foram observados efeitos no comportamento e neuroendócrino durante a exposição dos macacos à fumaça da Canabis, não foram encontrados resíduos neuropatológicos e neuroquímicos depois de 7 meses de um regime de longa exposição a erva.”
Assim, 20 anos após o primeiro relato de danos cerebrais causados pela Canabis em dois macacos, os argumentos sobre esses danos vêm sendo efetivamente desmentidos.
Nunca foi conduzido uma pesquisa pós-morte sobre danos cerebrais em usuários de maconha. Porém, inúmeros estudos têm sido feitos sobre os efeitos da maconha nas funções cognitivas. Muitos empregam um design experimental, e usam testes em laboratório que envolvem atenção, aprendizado e memória. Um número grande deles não encontrou diferenças significativas entre usuários e não-usuários.
Na verdade, existe um número grande de pesquisas demonstrando que a maconha não prejudica o aprendizado de longo prazo. Porém, existem evidências que a maconha, especialmente em doses muito altas, pode interferir no acesso a memória de longo prazo, que temos há muito tempo.
Enquanto existe uma aceitação comum de que sob o efeito da Canabis o aprendizado é menos eficiente, não existe evidência de que o uso da maconha causa prejuízos permanentes(exceto em menores de 18 anos). De fato, muitos estudos, comparando usuários antigos e não-usuários comprovam que não existem entre eles, diferenças significativas no aprendizado, memória ou outras funções cognitivas.